sábado, 18 de maio de 2013

CARTA DO CANADÁ  O que está em jogo

"A ser assim, criam-se as condições para um frentismo pluripartidário que, com determinação e força, fale claro e alto em Bruxelas, em Washington, em Berlim, onde quer que seja preciso para fazer entender aos credores que os portugueses querem pagar a dívida como cidadãos livres e não como escravos reduzidos à miséria por uma chanceler fanática que tem no governo PSD-CDS, maila maioria parlamentar bem nutrida de aventais maçónicos, um rebanho de tristes ovelhas negras. Esclarecida a situação, postos os pontos nos ii, pode então a diplomacia digna desse nome fazer as pontes necessárias com os outros países do sul da Europa para uma acção conjunta na União Europeia, e incentivar os investidores estrangeiros e os empresários portugueses espalhados pelo mundo."
FALAR CLARO 

 Fernanda Leitão *

Creio que, nos últimos dias, há dois acontecimentos positivos a registar: as declarações de Lobo Xavier e Pacheco Pereira, e a entrada para o secretariado e Comissão Política do PS de António Costa e Francisco Assis.

Lobo Xavier (CDS) e Pacheco Pereira (PSD) afirmaram, na SIC, portanto perante todo o país, que Portugal nunca devia ter pedido o resgate e deixado entrar a troika, o que em sua opinião destruiu o pais, e que não devia ter sido derrotado o PEC IV e com ele o governo anterior (e eu acrescento que o foi com a entusiástica colaboração do PC e do BE, históricos adeptos do quanto pior, melhor). Ninguém que tenha amor à verdade e uma escorreita memória pode negar que José Sócrates se bateu até ao último minuto da sua governação contra a entrada da troika. Com esta pública reposição da verdade dos factos, Lobo Xavier e Pacheco Pereira deram uma estocada mortal num governo desacreditado pelo somatório da incompetência e da mentira, e podem muito bem ter aberto o caminho para profundas depurações no PSD e no CDS. E por tabela, também a deram ao PR que, como está à vista, defende o governo contra a vontade da esmagadora maoria do povo.

António José Seguro, ao chamar António Costa e Francisco Assis para lugares cimeiros da liderança do PS, convoca os socialistas a unirem-se para as lutas que há e as que virão. É, em suma, o tocar a reunir no PS com vista a eleições e as responsabilidades que delas virão.

A ser assim, criam-se as condições para um frentismo pluripartidário que, com determinação e força, fale claro e alto em Bruxelas, em Washington, em Berlim, onde quer que seja preciso para fazer entender aos credores que os portugueses querem pagar a dívida como cidadãos livres e não como escravos reduzidos à miséria por uma chanceler fanática que tem no governo PSD-CDS, maila maioria parlamentar bem nutrida de aventais maçónicos, um rebanho de tristes ovelhas negras. Esclarecida a situação, postos os pontos nos ii, pode então a diplomacia digna desse nome fazer as pontes necessárias com os outros países do sul da Europa para uma acção conjunta na União Europeia, e incentivar os investidores estrangeiros e os empresários portugueses espalhados pelo mundo.

Será indispensável que todos os movimentos populares, em geral apartidários, constituam a rectaguarda desta movimentação. Em tempo de guerra não se limpam armas: as diferenças hão-de discutir-se depois de passado o perigo. Estou certa que todos saberão compreender o que está em jogo. Portugal vale bem esse sacrifício.
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Jornalista