quinta-feira, 20 de novembro de 2008

São Tomé e Príncipe. O desaire, tal como na Guiné

"Será que os "gatos pingados" de STP e da Guiné não mereciam melhor sorte e que alguém reparasse o que o Prof. Freitas do Amaral tão irresponsavelmente fez?"

Pouco ou nada se faz


Joana Otchan-Palha *

REGRESSEI de São Tomé e Príncipe, onde tirei umas curtas férias misturadas com serviço.

Escusado será dizer que acabei por verificar que o desaire cultural lusitano é o mesmo que na Guiné-Bissau! Pouco ou nada se faz para além do funcionamento diário do Centro Cultural Português, agora transformado em mais uma repartição do MNE no estrangeiro, quando muito uma biblioteca que ainda vai tendo muita gente, apesar da escassez de jornais portugueses (algo também visto na Guiné).

Muitas foram as pessoas de vários meios que referiram saudosamente o trabalho do ex-Director, Luís Castelo-Branco, que conseguiu conquistar intelectuais e jovens, apesar de só ter estado lá menos de 3 anos. A partida súbito dele com a família (3 miúdos pequenos) causou grande perplexidade naquele meio pequeno que nunca compreendeu os motivos da sua exoneração por tão douta figura como era o Prof. Freitas do Amaral.

Houve quem me confidenciasse que "estes professores, grande cérebros de Lisboa, não percebem nada de África e nem respeitam os interesses de Portugal, quanto mais os dum povo de meia-dúzia de gatos pingados para aqui perdidos no meio do Atlântico". Depois de ver a realidade cultural destes dois países PALOP, os mais necessitados em tudo e, certamente, também na área cultural, começo a acreditar nessa opinião!

No entanto, não deixa de ser interessante que, segundo me refere um amigo e colega marroquino com quem dividi largos anos um estúdio em Marselha, em Rabat haja já um novo Director do Centro que substituiu o diplomata de carreira que assegurou a direcção do mesmo depois da saída de Jorge Forjaz.

Sem currículo cultural e desconhecido no meio (ao contrário de Forjaz), o novo Director tem assegurado algumas actividades, pese o facto do ex-Director e diplomata Pedro Costa ser até um dos diplomatas que tinha "jeito para a cultura" ao contrário de muitos dos seus colegas.

Será que os "gatos pingados" de STP e da Guiné não mereciam melhor sorte e que alguém reparasse o que o Prof. Freitas do Amaral tão irresponsavelmente fez? Ou para quem é, basta uns livros e meia-dúzia de jornais e um local com luz e ar condicionado, pois cultura até já é um luxo em Portugal quanto mais por estas paragens!

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