As sete eleições estaduais que terão lugar na Alemanha em 2011 condicionarão a atitude anti-europeia da chanceler?
Os sete imbróglios de Merkel
Cinco eleições em maio e duas em setembro
Cinco eleições em maio e duas em setembro
Wolfgang Silva von Weizsäcker *
Estamos recordados das hesitações alemãs sobre a defesa da Europa (crise grega) no ano passado, que se apontava serem provocadas pelo receio de perder as eleições na Renânia do Norte Vestefália - RNV, o estado mais populoso da República Federal. E assim veio a acontecer: a RNV é entretanto governada por uma coligação entre os social-democratas e os verdes, sem maioria absoluta mas tolerada pela esquerda. Entretanto, há até a hipótese de ali virem a ser convocadas novas eleições, devido a uma disputa em torno de um orçamento retificativo, mas nem por isso melhoraram as perspectivas da coligação chefiada por Ângela Merkel, aliando os democratas-cristãos aos liberais.
Aliás, as perspectivas são péssimas um pouco por toda a Alemanha, traduzindo-se essencialmente numa quebra vertiginosa dos liberais, partido do contestado vice-chanceler e Ministro dos Negócios Estrangeiros, que baixaram de 14,6% nas eleições de 2009 para uma intenção de voto de 4%, percentagem que lhes não dá acesso ao Parlamento Federal, e numa espantosa subida nas intenções de voto nos verdes para os 20%.
Até Maio haverá cinco eleições, começando dia 20 de Fevereiro em Hamburgo, com a anunciada derrota dos partidos da coligação de Merkel; em 20/27 de Março votar-se-á na Sachsen-Anhalt, onde os social-democratas se deverão reforçar, na Renânia Palatinado, onde devem continuar a governar, e no importante e rico Baden-Würtemberg, onde os contrutores de mercedes e porches estão a pensar em fazer história, ao darem o maior número de votos aos verdes (!) que poderiam coligar-se com os social-democratas, o que só por si tornaria irrelevantes as eleições em Maio na pequena cidade-estado de Bremen, já governada pela dita coligação. Em Setembro, finalmente, haverá mais duas eleições, em Meckenburg-Vorpommern e Berlim, sendo o principal motivo de interesse a possibilidade de, também aqui, os verdes poderem passar a partido mais votado.
Mesmo que Merkel ainda esteja a persistir na atitude política do ano passado, perdido o Baden-Würtemberg de nada lhe adiantaria manter o oportunismo europeu que tem prosseguido. Até pode acontecer que os eleitores alemães comecem a entender que não estão a pagar a crise do euro, porra nenhuma, mas, pelo contrário, a crise não tem impedido o aumento do PIB e das exportações, a diminuição do desemprego, a melhoria dos salários e do consumo - finalmente - e toda a gente lhes vai ficar a dever o dinheiro do apoio ao euro e à Europa.
Que mais quererá uma sociedade tão crescida que se pode permitir um governo fracote e ainda ganhar com o apoio aos outros?
* Politólogo luso-alemão
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